setembro 25, 2014

Um grito silencioso

Um grito silencioso

Começar uma reflexão com antítese no título talvez não seja a forma mais fácil de dar início a um assunto tão delicado quanto a timidez. Na verdade, não há uma “forma mais fácil”. Não existe nada de fácil em sentir isso tomando conta de você, dos seus desejos, pensamentos, opiniões. É difícil.

Era uma tarde quente de Verão. Eu estava visitando uma tia e a casa estava repleta de outros familiares. Sentada no sofá, encarando, mas sem focar, a TV e ignorando as conversas que não diziam nada a meu respeito, tudo parecia normal. Até que escuto “Por que você é tão calada? É porque não tem opinião?”. Ouch! Calma, isso foi comigo? E foi então que aquela enxurrada de questões começou a cair: será que as pessoas pensam que ser tímida é a mesma coisa de ser estúpida? Será mesmo que ser devorada em pensamentos diariamente e não querer gritá-los para todo mundo ouvir é sinônimo de vacuidão? Ou será ainda que as pessoas julgam o tímido como vazio por não ser transparente?

Uma coisa é certeza: é bem difícil compreender as pessoas. Das mais efusivas e transparentes às mais calmas e dissimuladas. Entretanto é fácil julgar. Afinal, por qual razão as aparências estão ali, não é? Como evitar não imaginar explicações para certas atitudes? Ah, são muitas dúvidas que vão começando a se misturar com revolta. É então que me pergunto “Por que me fechar desse mundo tão amplo?” e antes mesmo de refletir, a resposta aparece em troco “Como não me fechar com essas mentes tão confinadas...”.

Quem sabe essa atitude de viver em um mundo fechado seja ruim num futuro, ou até mesmo no presente. Mas há um medo tão grande em mostrar a essência do meu ser às pessoas e receber a desaprovação em troca. Chega do clichê que diz que não devemos nos importar para com a opinião dos outros. Pensar dessa forma não vai ajudar se esses “outros” são seus amigos, familiares ou até mesmo seus futuros empregadores. E é por isso que confino alguns sentimentos e ideologias. Sou um espelho de como cresci: em uma casa de silêncio à mesa. Às vezes penso que Freud se fascinaria em analisar como os efeitos da minha infância influenciaram no presente. Talvez eu encontre algum aspirante a psicanalista para tentar compreender o que há de mais profundo na minha alma.

Essas paredes que construímos são tão indecisas, né? Num minuto elas nos protegem das pedradas do mundo e noutro elas nos esconde do jardim de oportunidades. Tsc Tsc. Achou complicado demais ser tímido? Imagina! Complicadas serão as questões levantadas acerca desse assunto. E o que a gente faz, então? Bom, se você se viu nesse texto, temos um problema. Por que eu, ah, eu ainda estou gritando as perguntas ao silêncio.

N.

(09/09/2012)

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